Comprar imóvel na pandemia: É um bom momento para financiar imóveis? Os custos do financiamento imobiliário caíram, mas vale a pena começar 2021 com uma dívida desse tamanho?
Embora os brasileiros estejam preocupados com as incertezas econômicas causadas pela pandemia, a compra de imóveis vive um dos melhores momentos da história do País. Segundo a Associação Brasileira das Entidades Hipotecárias e Poupança (Abecip), o financiamento imobiliário bateu recordes em poucos meses e deve crescer 40% ao longo do ano. O crescimento se deve às menores taxas de juros, à criação de linhas de crédito imobiliárias por parte dos bancos e a uma grande vontade de se mudar para propriedades mais confortáveis em períodos de isolamento social.
Segundo o economista Luiz Calado, autor do livro Imóveis (Editora Saraiva), o fato de o desemprego estar em alta – são 13 milhões de desempregados, de acordo com a Pesquisa Nacional do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) – faz com que os valores dos imóveis continuem depreciados, diferente do ápice em que se encontravam há alguns anos. Ele ressalta que isso é uma vantagem, visto que “a hora de comprar é quando o preço está baixo”. No entanto, também alerta que os preços e taxas ainda podem cair mais. Sobre as justificativas de compra neste momento, Calado afirma que, para o investidor que possui uma renda extra, esta é a possibilidade de adquirir o imóvel para ganhar tanto com a renda do aluguel quanto com a valorização do bem. “O momento de pandemia também evidencia a importância da casa própria. Ter uma propriedade constitui segurança e patrimônio.”
Porém, será que vale a pena entrar em 2021 com uma dívida de financiamento? Alberto Mattos de Souza, sócio do PMMF Advogados e membro da Comissão de Negócios Imobiliários do Instituto Brasileiro de Direito Imobiliário (Ibradim), considera que sim. “Há diversos indicadores que nos levam a crer que é um bom momento para financiar imóveis, tendo em vista que as taxas de juros dos contratos são as mais baixas da história. Isso é uma grande notícia e merece ser comemorada.” Para ele, existem outras variáveis a considerar na hora de tomar uma decisão, mas do ponto de vista financeiro, embora nos últimos anos investir dinheiro em renda fixa tenha sido visto como mais benéfico do que pagar financiamentos, agora é o contrário. “Em outras palavras, essa é uma avaliação complexa e é importante atentar para os fatores macroeconômicos.”
O que é preciso considerar antes de entrar em um financiamento?
Em primeiro lugar, deve-se considerar que a compra de uma primeira casa não deve ser analisada pelos mesmos critérios que um apartamento de investimento. Isso porque, embora se trate do mesmo produto – imóveis -, seus usos são completamente diferentes. Um deles é um lugar confortável e um lugar onde as pessoas e suas famílias vivem juntas. O outro são as mercadorias onde os proprietários ganham renda deles ou obtém retornos mais positivos através da especulação. Assim, por exemplo, ao comprar uma casa própria, questões subjetivas (como estar perto de outros membros da família, estar perto do transporte público ou precisar de mais espaço quando seu filho chegar) são muito relevantes e não devem ser ignoradas.
Objetivamente, existem três indicadores principais a serem considerados ao decidir se deve comprar um imóvel residencial. São eles: custos de financiamento, taxas de juros e a relação entre o valor das prestações e o valor do aluguel. A redução dos custos de financiamento devido a menores taxas de juros tem duas consequências positivas e diretas: a primeira delas é o aumento do poder de compra, uma vez que pelo mesmo valor de prestação, tem-se a possibilidade de incrementar o volume de recursos advindos do empréstimo, permitindo acesso a unidades de maior valor. A segunda é a diminuição do comprometimento da renda familiar, uma vez que o custo do mesmo acordo agora é menor.
O próximo item a observar é a taxa básica de juros da economia, a Selic, por ser uma parte importante do investimento de baixo risco. Finalmente, os custos de financiamento e aluguéis de propriedades semelhantes devem ser comparados. Deste cálculo, dois dados relevantes são extraídos. O primeiro deles é a possibilidade de checar o valor de mercado do bem desejado, uma vez que a locação tende a corresponder a algo em torno de 0,5% do valor da unidade. O segundo dado vem da comparação entre o valor do aluguel e a parcela do empréstimo. Usando os dados finais, podemos comparar os custos mensais entre os dois modelos para ajudar a tomar a decisão que melhor se adapta à sua situação.
Há também o problema de reduzir a capacidade de pagamento para quem já tem financiamentos. Por exemplo, se houver corte de salário, como será feito o pagamento da parcela? A inadimplência faz com que as instituições financeiras não afrouxem as taxas de juros, dificultando que o adquirente honre seus compromissos – implicando até mesmo na possibilidade da perda do bem em si.
Outros pontos a se considerar
Localização
Você precisa comprar um imóvel em uma localização privilegiada. Não interprete somente propriedades nos melhores bairros da cidade como “localizações privilegiadas”, apesar de claramente terem seus benefícios, os privilégios devem ser para você! Observe suas necessidades diárias e pessoais e, por fim, observe os serviços prestados pela nova vizinhança.
Imóvel novo ou usado?
Em seguida, outra pergunta: Qual é o valor que você dispõe para o investimento em imóveis? A quantidade de dinheiro que você precisa para garantir sua casa lhe dirá se você é mais recomendado investir em uma nova propriedade – de preferência na planta – ou usada. Sabemos que o sonho da casa própria quase sempre envolve um imóvel novo por diversos motivos, principalmente porque o novo imóvel não terá problemas deixados por antigos moradores. Mas por outro lado, se o imóvel está totalmente fora do seu orçamento, financiar uma casa que já teve outros moradores mas em bom estado também é uma boa opção.
Tamanho do imóvel
Então você é uma pessoa solteira, sem filhos e sem um relacionamento sério, querendo comprar imóvel apenas para ter seu espaço. Pouco tempo depois surge um(a) parceiro(a) e quando você menos espera estão morando juntos. Em um ano vem o primeiro filho e um grande problema: a falta de espaço. É importante observar o tamanho da nova casa. Você não precisa ter um apartamento grande, mas pode investir em um apartamento de dois quartos, mesmo que somente hospede amigos de vez em quando.
Esperamos que este artigo tenha sido útil para sua tomada de decisões. Para produção desse texto usamos como referência artigos de título similar do Portal Estadão.